MicroAventura # 7 – Acampamento no Quintal

Acho que o lugar de ser criança é o quintal. Toda casa deveria ter um quintal, ainda que pequeno ao redor de uma goiabeira onde pudessem vim morar os passarinhos, as borboletas e os vagalumes. Todo quintal deveria ter uma árvore para que as folhas se amontoassem no chão com os bichinhos da terra e o amanhecer penetrasse por entre os galhos, onde a gente pudesse subir para apanhar frutas e roubar as estrelas, sentir aromas ou joaninhas. No quintal os adultos pode redescobrir o que sentiam quando eram pequeninos aventureiros de jardim. No quintal é o onde as crianças devem começar para o mundo de brincar e de descobrir, antes do mundo de estudar e aprender das escolas. No quintal a gente aprende mais sobre a natureza do que nos livros. No quintal a gente aprende mais de poesia do que na escola. No quintal a gente aprende de liberdade. Desde que a gente aprendeu a viver dentro das casas, a aprendemos a viver tristes, sem ter as surpresas da natureza para acompanhar, a gente desaprendeu de olhar o céu e de sentir a atmosfera tocando o rosto de sereno. E desaprendeu de levar a natureza para dentro da gente com as unhas sujas de brincar na terra. A natureza não está em algum lugar distante, isolado e inóspito, limitada em recantos selvagens. Acampar mesmo que seja no quintal ou no jardim nos leva a um regresso a alegria infantil de participar da natureza como participam os caramujos e as flores, os riachos ou as montanhas. Acampar é descomplicar a vida e voltar a ter simplicidade que tem os animais que não precisam mais do que alimento e abrigo. Precisamos arrumar algum tempo para admirar as maravilhas das coisas simples da vida. “O importante não é a quantidade de tempo que se dispõe, mas o modo como ele é utilizado”.

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