MicroAventura # 9 – Enfrentando o tempo ruim

Você sabe o que esperar?

A princípio pode parecer que não sabemos o que esperar, que a vida é incerta demais e o amanhã é um incógnita. Pensando assim, realmente o futuro é algo imprevisível e alguns acontecimentos escapam ao nosso controle, mas nem tudo. O que quero dizer é que não sabemos o que o futuro nos reserva, mas sabemos, sim, o que esperar. Imagine que você chega em casa após um dia cansativo de trabalho e todas casas do seu bairro estão momentaneamente sem energia elétrica, você esperava que houvesse luz. Em outras palavras esperamos acordar pela manhã dentro do conforto de nossos lares, esperamos que o despertador nos acorde, que o abajur nos ilumine, que a torneira tenha água, que a condução esteja lá no horário de sempre, que ao meio-dia possamos nos alimentar outra vez, que possamos ir ao mercado e encontrar mantimentos, etc… Esperamos viver e vivemos a maior parte do tempo de uma forma muito estável, queremos ter certeza das coisas, e gostamos do imediato, do prático, do mínimo esforço e não gostamos de coisas incomodas. Vivemos a repetição de padrões mentais e de comportamento e assim construímos nossos hábitos. Criamos um espaço previsível e seguro, que os psicólogos chamam de “Zona de Conforto”. Sair da zona de conforto nos causa um temor inicial, mal estar e até mesmo dor por algum tempo e esperamos não ter esse tipo de sentimento por achá-lo ruim, esquecemos que também é temporário e por vezes uma pequena barreira imaginada. Sabemos que toda mudança provoca alguma forma de dor. Pense nas dores que uma semente sente ao morre para se tornar uma árvore, pode parecer bobagem a dor das plantas, mas ela existe, embora nos dias de hoje alguns não percebam nem mesmo a dor dos animais. Então, lembre-se da dor de sair da escola e deixar amigos para trás. A dor de perdermos as pessoas que amamos, chega a ser pior que a dor física provocada por uma pancada na cabeça. A verdade é que inconscientemente esperamos não sentir dor e nem sofrimento. Em diversos casos permanecer na zona de conforto, evitando um caminho mais áspero, acaba por impedir nossas realizações que normalmente envolvem algum desconforto momentâneo. Não tenho certeza se podemos abandonar por completo nossa zona de conforto, talvez os grandes mestres da história, aqueles que levaram até as últimas consequência os sacrifícios que podiam realizar, dando sua vida por algum ideal tenham conseguido?  O que eu tenho aprendido é que podemos expandir a nossa zona de conforto.

Durante esse ano me prôpus, publicamente, a realizar aventuras relativamente simples que me custassem algum esforço pessoal acrescido, denominadas de microaventuras. Sobre  muitos aspectos as aventuras ou microaventuras podem parecer uma tolice, sair do calor do lar para percorrer caminhos árduos por vezes arriscando a própria pele só para estar lá e voltar. No entanto considero primordial que as microaventuras acrescentem algo de novo em mim e naqueles que são meus companheiros de caminhada e desperte, ainda, algo nas pessoas que de alguma forma as acompanhem. Não busco a auto-promoção a despeito do que possa parecer em minhas vaidades e defeitos. Publicar estas atividades funciona como uma ferramenta motivacional que me ajuda a estabelecer prioridades, a organizar os acontecimentos, a avaliar minha trajetória e corrigir minhas falhas. Não acho que quando se busca uma aventura, não é só o fato de estar lá, de provar algo, não é isto. Não é como escalar uma montanha para conquistá-la, não se conquista uma montanha, mas conquista-se a si mesmo, o que o verdadeiros aventureiros e atletas devem buscar é a superação pessoal, forçar os seus próprios limites para um crescimento interior. Expandir a sua zona de conforto é crescer como pessoa, enfrentar o desconforto, o incomodo, a incerteza, passar por um processo renovador de aprendizagem e adaptação, até que aquilo que parecia insuportável seja realizado com naturalidade. Quando encaramos desafios nos sentimos condutores da própria vida, despertamos a auto-confiança e aprender a ter calma para lidar com situações difíceis do dia-a-dia, com as quais normalmente não teríamos inteligência emocional.

Durante as microaventuras é comum ter que vencer algum contratempo, amigos que precisam desmarcar a empreitada de última hora, a própria preguiça de abandonar o conforto, a falta de algum equipamento, coisas que não funcionam quando você precisa, o medo e as incertezas. Nesta microaventura tive que encarar todas ao mesmo tempo, combinadas com o dia chuvoso que deu o título a essa empreitada.

Que possamos sempre expandir a nossa “Zona de Conforto”!

Bons Ventos!

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